segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ter trabalhado este fim-de-semana fez-me pensar no tempo em que trabalhei 7 dias por semana. Às vezes em dois empregos diferentes no mesmo dia. Aconteceu sair de casa às 6 da manhã, conduzir uma hora debaixo de chuva, gelo, nevoeiro, de noite, trabalhar 11 ou 12 horas e conduzir de volta, debaixo de chuva, gelo, nevoeiro, de noite. Vestia a farda, maquilhava-me e penteava o cabelo dentro do carro e ia servir à mesa até à uma ou até às duas da manhã. Depois conduzia para casa e tinha de deixar o carro a kilómetros de distância, porque nunca havia lugar para estacionar. A essa hora já o meu pai andava na rua, à minha espera. Metia-se no carro comigo e procurávamos os dois um lugar mais perto para estacionar. Dormia pouco, sempre que podia. Adormecia onde calhava, no sofá, à mesa, no carro na hora de almoço e quando chovia demasiado para assistir aos trabalhos, na obra. E comia! Chegava a jantar duas vezes, uma no trabalho, outra quando chegava a casa. Outras vezes não tinha tempo antes do trabalho, jantava às 2h30. Na obra comia como um homem, o empregado já me conhecia... Tinha tempo para tudo e nunca estava cansada. Tinha as crianças do centro comunitário, fazia bainhas e roupinha de criança, até passei a ferro para fora. Levantava-me muito cedo e o trabalho era pesado, mas não sentia o cansaço e, na verdade, não conseguia parar.
Parece que foi há centenas de anos, mas foi apenas há alguns meses.
Agora trabalho sete horas por dia, se trabalho ao fim-de-semana é raramente e já não porque preciso, mas porque gosto. Posso levantar-me às 9 da manhã, fazer tudo nas calmas, caminhar pelo meu bairro até ao metro e num instantinho estou no trabalho. Ao fim do dia é caminhar calmamente de volta, comprar uns frescos na mercearia cá da rua, anhar um bocado a ver tv, ou na net. Mas em compensação estou sempre cansada, cada tarefa é um sacrifício. Limpar a casa? Na. Cozinhar comida decente? Só muito raramente. Arrumar o meu quarto? No way.
Eu acho que estou a ressacar do cansaço acumulado. Ou então estou só desmotivada. A minha mãe acha que só comemos merda e que não nos cuidamos. A minha esposa não acha nada, não quer saber.
Veredicto final: acho que me deixei aburguesar.

Sem comentários: