quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Hey, Jeremy, um post digno de M.P., the shrink gurl*

O meu ano de 2010 teve cinco momentos de felicidade. A cura da minha mãe. A minha tatuagem 'nothing else matters'. Os três dias de Alive. A minha fabulosa festa de Sto. António. Os grandiosos festejos em coise, em Agosto. Tudo o mais foi merda. Obrigada a quem contribuiu.

* feel free to share

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Incrível como a única coisa que pedi ao Pai Natal foi aquilo que ninguém me deu.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hoje acordei com coros celestiais, vozes impúberes, sininhos

Na minha rua é habitual as pessoas ouvirem música em volume máximo, com as janelas abertas, no são espírito da partilha com os vizinhos. Mas, foda-se, tinha de ser música de natal?!?!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Atenção, não me interpretem mal. Eu já fui menina de discotecas. Da mesma maneira que já fui menina para ouvir Bon Jovi. E gostar. O expectável é que se aprenda com os erros.
Hoje entrei pela primeira vez em seis anos numa discoteca. Sóbria. Eu mereço o céu.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Há dias em que mil anos não cabiam. Distribui 5.000 flyers, caminhei uns doze quilómetros, encontrei uma pessoa que não via há anos a servir copos num bar, encontrei amigos que chegaram para o Natal vindos de vários pontos da Grã-Bretanha e um da Austrália, encontrei pessoas que fingi que não vi, recebi um convite para uma festa de despedida de dois amigos queridos que vão para o Canadá, fui abraçada por três miúdas vestidas de anjos que davam abraços grátis à saída do metro, ouvi um sermão, ouvi um abrolhos, ouvi conselhos, renasceram-me a esperança, uma pessoa querida recebeu um 19 no seu mestrado, estive na faculdade, entrei em mais bares em vinte minutos que num ano inteiro, trabalhei que me fartei, fiz o jantar, brinquei com a minha gata, fiz tricot, conversei com a minha esposa, e vou para a cama com uma nova alma. Quem tem amigos tem tudo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Há muitos anos, uma pessoa que eu muito estimava disse-me (sem conhecimento de causa), 'Miúda, um dia vais ser uma granda foda, mas não é para já. Primeiro vais ter de perder essas manias de princesinha, vais ter de te sujar, de rebolar na lama'. Hoje, passados mais de dez anos, não sei se sou ou não uma grande foda (homens casados há mais de cinco anos com mulheres coradinhas e com buço não constituem amostra válida), mas sei que sou uma desentupidora de canos que é uma categoria. Depois de ano e meio de tentativas mais ou menos frustradas posso hoje dizer que desentupo o malfadado cano do lavatório do wc à primeira tentativa. Com aquelas sábias palavras em mente, fiz-me à pista. Sem medos. Sem vacilos. Sem gritinhos. Sem luvas. E saquei uma bola nojenta de cabelos, uma autêntica ratazana morta, que teria praí três vezes o volume do cano onde descansava, impávida e serena, impedindo o correcto escoamento das águas. Não tive de rebolar na lama, mas apanhei com uns salpicos de um lodo pútrido, verde e malcheiroso, de aspecto radioactivo, que me furou a camisola. E pronto. Posso não ser grande foda, mas sou uma mulher realizada. Amanhã compro um desentupidor químico. Dos potentes.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Uma pessoa sai do Bairro Alto para ir passar o fim de semana à província. Chega, janta, anha um pouco no sofá e depois faz o quê? Vai sair com os amigos. Para o Bairro Alto. Uma palavra. Patético.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Do que eu precisava agora era de colinho, de jogar conversa fora e de estórias até adormecer. E de acreditar que, se calhar, amanhã até vai estar sol.
Amei muito um Homem que foi toda a vida um bruto, um boçal. Falava grosso e arrotava alto, limpava a boca à toalha de mesa, palitava os dentes com uma navalha, cuspia para o chão (dentro de casa). Uma camisola interior de alças era a sua farda oficial, tratava as coisas a pontapé e tinha a força de um gigante. Acreditava em deus, na pátria e na família, mas foi um pai ausente. Dedicou-se a uma missão, mais do que a uma profissão, e por mais do que uma vez terá levado demasiado longe o cumprimento do seu dever. Mas como as coisas nunca são a preto e branco, e as pessoas também não, foi também o mais culto dos Homens, o mais grandioso, o mais doce. Conhecia as estrelas e os nomes dos ventos, sabia de cor o canto dos pássaros e as árvores, as plantas, os rios, os países distantes, os animais exóticos. Sabia como e quando plantar ervilhas, como podar roseiras, como enxertar laranjeiras e como resolver e consertar as coisas. Sempre. O mais doce de si esteve sempre reservado para mim e para a 'menina'. Foi com ele que aprendi as primeiras letras, há mais de 25 anos, a escrever o meu nome e o nome dele. Sentada nos seus joelhos, viajei pelos países todos do mundo, com os meus dedos percorrendo o mapa que forrava a sua mesa de trabalho. Recordo como me enxugava o cabelo, secador numa mão e escova na outra, com o desvelo de uma mãe e a destreza de um coiffeur, com mil cuidados de delicadeza enquanto me desembaraçava os nós do cabelo, para não me fazer doer. Eu amarrava um cordel à presilha das suas calças e passeava-o chamando-lhe Bobi, ou então sentava-me às suas cavalitas e tapava-lhe os olhos com a minha saia. Sem um queixume. Sem uma reprimenda. Ensinou-me a dignidade e a honra. Mas esse Homem há muito que partiu, não tenho certeza para onde. Ficou apenas uma carcaça mirrada, titubeante, hesitante entre a lucidez pragmática e a loucura perigosa. Já não penso nele como o meu avô querido, mas como um José Arcádio preso para sempre à sua árvore, manietado e miserável, de onde nunca mais poderá escapar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nina não sabe se precisa de um advogado ou de um padre. Mas o seu advogado não atende e padre não conhece nenhum...