quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Rir é sexo. Sorrir é beijar na boca.

Sempre fui pessoa de gargalhadas. Despropositadas. Descontroladas. Desrespeitosas. Inoportunas. Hilariantes. Pânicos de riso. Rir até chorar. Rir até sufocar. Quantas e quantas vezes Mamãe me gritou que risse mais baixo. Quantas e quantas vezes a Avó me chamou pateta por rir de tudo e de nada, mas sobretudo de nada. Ri-me de palermices, ri-me de alegria, ri-me da vida, ri-me da realidade, ri-me das desgraças, ri-me de mim, ri-me com os outros, ri-me sem razão. Hoje já não tenho razões para rir. Rio-me apenas das desgraças. Das minhas. Cada dia é uma sucessão de vitórias e derrotas. Vitórias amargas e derrotas doces. Tenho de dizer não a uma coisa que quero muito, porque já disse sim a uma coisa que se calhar não queria assim tanto. Espero respostas, em vão. A paz é cada vez mais podre. A comunicação tem cada vez mais falhas. Parece que de repente toda a gente começou a falar norueguês à minha volta. Não tem graça. Mas sorrir. Sorrir é outra coisa. Nunca fui de muitos sorrisos. Sarcásticos? Quase todos. Amarelos? Muitos. Por obrigação? Sempre que necessário. Espontâneos e genuínos? Meia dúzia de vezes a vida inteira.
Em determinados contextos, espera-se que as pessoas digam as tontices próprias do momento. Palavras lisonjeadoras, excitantes, encantadoras, abjectas, bonitas, ordinárias. Palavras que aceito humildemente, sem agradecer. Porque já as ouvi mil vezes, de mil vozes diferentes. Se algumas delas me intrigam, deixei de lhes ligar importância, porque apesar de as aceitar, nunca lhes vou reconhecer o significado. Mas de um desses momentos, cujo desfecho, bom ou mau já o esqueci, recordo e recordarei para sempre as palavras 'tu tens um sorriso lindo'.

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