sábado, 8 de maio de 2010

Acontecem-me coisas #4

Na loja:
Entra uma avozinha, sessenta e muitos, casaco de fazenda até aos pés (?!), barriga que parece um barril, mas impecavelmente maquilhada e penteada. Pergunta-me o preço de um artigo. "Ai, menina, isto ficava giríssimo para levar a uma festa. Só precisava de pôr um casaquinho preto por cima, mais nada!". "Isto" é um conjunto de cinto e soutien de lantejoulas douradas.

Na rua:
Do outro lado da rua, um empregado de mesa de serviço à esplanada (com a dita cheia) tira a placa da boca, limpa qualquer coisa, sacode alguma saliva e torna a enfiar. Por duas vezes. Passou-se isto em Marraquexe? Kinshasa? Cabinda? Não. Passou-se nos Restauradores.

No bar:
Entro na cozinha para fazer um pedido. Está uma barata com uns 15 cms exactamente no meu caminho. "Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaulo!!!!". O Paulo esborracha-a com o téne e dá-lhe um pontapé para debaixo do frigorífico. Obrigada, Paulo.
O patrão apanha as gorjetas que são para mim e a enfia-as na caixinha do pessoal. Eu sei que é assim que é justo, mas a caixinha estava vazia quando eu comecei. E as gorjetas são claramente para mim. Ainda não vi darem nenhuma gorjeta ao preto nem ao zuca!
O barril está a acabar, as imperiais estão a sair uma merda, mas continuam a dar-me 1 euro de gorjeta por cada 4 imperiais que tiro. O patrão continua a roubar-me as gorjetas, com um sorriso nos lábios. Marroquino de um cabrão!
Um maluquinho do Miguel Bombarda passa 40 minutos a explicar-me como e porque é que o querem tramar e que escreveu uma dúzia de cartas para o Vaticano, e que tem um plano em conjunto com o António Costa para controlarem o Bairro Alto e serem os reis da máfia e que ligou à Judite de Sousa a fazer queixa dos drogados que lhe estragaram o negócio (do Bairro Alto) e que a princesa da Espanha é pedófila, porque tem um filho que zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz....
Um gajo da Administração Interna quer escoltar-me até casa.

Sem comentários: