domingo, 19 de setembro de 2010

A sério, eu não mereço

A minha esposa é uma pessoa ligeiramente exagerada. Desde criança. Só muito ligeiramente. Num minuto diz "chega aqui ao meu quarto, não te cheira um bocadinho a gás?", no seguinte diz "ai, que me sinto tão mal, estou a desmaiar, este cheiro a gás que não se pode", no terceiro diz "as vizinhas de baixo de certeza que estão mortas, morreram com o cheiro, não me abrem a porta" e no quarto já chamou os sapadores. Suspeito que lá no quartel haja pessoas igualmente exageradas, ligeiramente, porque três minutos depois tenho dois autocarros de bombeiros a fazer tinoni à minha porta e vinte e tal gajos enormes, equipados dos pés à cabeça, de máscara, capacete e lanterna e tudituditudo a invadirem-me a casa. Tudo muito à séria, tudo muita testosterona. Claro que nesse momento os vizinhos já se penduravam nas janelas, a fila de carros atrás dos dos bombeiros chegava ao Camões e eu estava a começar a amarelecer de vergonha e ainda nem sabia o que vinha aí. Em cinco minutos, veredicto final: cheira a esgoto. Nunca mais saio à rua. Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá...

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