quarta-feira, 16 de março de 2011

Post dedicado a uma pessoa em particular, mas que pode ser usado como tutorial pela audiência em geral

Tenho uma amiga que um dia destes se dirigiu ao médico para pedir uma receita de determinado medicamento. O médico, como sabe que a minha amiga é uma pessoa despreconceituosa, perguntou se a minha amiga não se importava que fosse genérico. E genérico passou. Tão feliz se sentiu a minha amiga que nem percebeu que a receita era de uma caixa de 20 comprimidos, que isto é à vontade, mas não é à vontadinha. A minha amiga sai do médico e dirige-se, lesta e escorreita, à farmácia mais próxima. A farmacêutica diz ‘lamento, esta receita é de 20 comprimidos e só temos caixas de 60, não posso aviar’. A minha amiga amaldiçoa mentalmente o zelo da farmacêutica e a avareza do médico. ‘Se quiser posso encomendar’. A minha amiga faz um sorriso amarelo e diz que não vale a pena, que vai a outra farmácia. A minha amiga detesta pessoas zelosas, mas gananciosas. E dirige-se à segunda farmácia, já menos lesta. ‘Lamento, só tenho embalagens de 60 comprimidos. Mas se não se importar de pagar sem ser comparticipado…’. Estamos a falar de menos de dois euros (genérico), pelo que a minha amiga faz um sorriso nada amarelo e diz que sim, que não tem problema. Como a farmacêutica não vendeu a caixa receitada devolve a receita. E como Lisboa deve ter algumas centenas de farmácias e nenhuma delas tem caixas de 20 comprimidos, os grandes malandros, a minha amiga vai repetindo a brincadeira nos dias subsequentes (as receitas têm validade de 10 dias e a minha amiga quer fazer render a coisa o mais que puder). Mas como os farmacêuticos são pessoas extremamente atenciosas e prestáveis, a páginas tantas alguém lhe diz, ao devolver a receita, ‘como vai levar a receita, e esse medicamento só se pode vender com receita médica, guarde lá em casa, porque mesmo que passe o prazo, apresentando a receita vendem-lhe na mesma, ainda que sem a comparticipação’. De maneiras que a minha amiga tem uma receita virtualmente vitalícia, de um medicamento que até tem um certo valor no mercado paralelo (não perguntei à minha amiga como é que ela sabia isto). Se a minha amiga fosse uma pessoa com olho para o negócio já estaria rica, mas como não é tem SÓ um armazenamento inesgotável dos seus rebuçadinhos favoritos. A minha amiga, todos os dias antes de se deitar, faz uma pequena oração de louvor a todas as pessoas prestáveis e ingénuas deste país.

2 comentários:

Anónimo disse...

n t ponhas a pao com os drunfos não

Nina disse...

pao? o.O