quarta-feira, 24 de março de 2010

Black

Eu sei que me lês e tu sabes que te leio. E isso basta. Dizes que gostas de mim, muito, mas não consegues atender ao único pedido que alguma vez te fiz. Esquece. Esquece que eu existo. Esquece que a minha vida continua. Esquece que alguma vez aconteceu. Esquece. Esquece. Esquece. Nunca mais. Nunca mais tentares convencer-me que o ursinho azul é verde. Nunca mais acordares com a minha voz mais suave. Nunca mais fazer-te festas até adormeceres. Nunca mais sentir aquele teu abraço apertado. Nunca mais ficar aflita porque estás completamente bezano e queres conduzir para casa. Nunca mais contares estórias para me entreteres e me fazeres sentir melhor quando estou triste. Nunca mais passeios de moto pela marginal. Nunca mais noites de copos três estarolas' style. Nunca mais agarrares-me à frente dos teus amigos porque quando estás bêbado não te consegues controlar. Nunca mais conversa mole e companhia noite dentro enquanto matas zombies. Nunca mais mostrares-me contos e poemas em primeira mão. Nunca mais a minha opinião sincera. Nunca mais pataniscas de bacalhau como remédio para a bebedeira. Nunca mais abrires os frascos que eu não consigo abrir. Nunca mais passares a noite no msn no pda e não lhe tocares mais assim que chego ao pé de ti. Nunca mais sentir-me feliz só por te ver descontraído. Nunca mais deitares-te ao meu lado e dizeres que ainda posso dormir mais uma hora. Nunca mais dormir abraçada a ti. Nunca mais encostar-te à parede e suspender-te a respiração. Nunca mais concertos. Nunca mais vídeos partilhados de metal. Nunca mais música clássica. Nunca mais confidências. Nunca mais teclar contigo enquanto conduzes. Nunca mais ires ter comigo ao trabalho para me mostrares a última moto. Nunca mais sugestões de livros e de filmes. Nunca mais nos chamares pérolas. Nunca mais contar-te trivialidades. Nunca mais fotografias minhas. Nunca mais webcams. Nunca mais a Poppy enfiada dentro dos teus ténis. Nunca mais dormires no chão da minha sala com a cabeça na varanda. Nunca mais escolher telemóveis. Nunca mais confiar em ti. Nunca mais dizeres que eu te apeteço como poucas vezes te apeteceu alguém. Nunca mais pedir-te conselhos. Nunca mais cigarros partilhados. Nunca mais dizer como te adoro e que fazes diferença na minha vida. Nunca mais fazeres promessas que não tencionas cumprir. Nunca mais mimos. Nunca mais dizer-te pela enésima vez onde fica o clandestino. Nunca mais chegares a minha casa às seis da manhã com os teus amigos. Nunca mais dizer-te como o trabalho me aborrece a meio da tarde. Nunca mais seres egoísta e eu aturar-te. Nunca mais. Nunca mais nada. Porque tu para mim morreste e eu para ti morri.

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