terça-feira, 13 de julho de 2010

Realmente, de que é que eu me queixo?

Diariamente pessoas ligam-me, mandam-me mensagens ou encontram-me e gabam a minha beleza, a minha energia, o meu génio, a minha verve, a minha graça, a minha espontaneidade, a minha genuinidade, o meu talento, o meu brilho, a minha atitude, a minha joie de vivre. Elogiam o meu cabelo ("caracóis ruivos" ;)), as mamas, o cu, os meus lábios, os meus olhos, os meus vestidos, as minhas tatuagens. Perfeitos desconhecidos querem levar-me para dançar no Jamaica (grande coisa...) ou para beber um copo no Lux (outra grande coisa...). Oferecem-me 20 euros por uns óculos de sol de 6 euros (H&M), só pelo prazer de mos verem tirá-los do decote. Pessoas vão fazer o trabalho sujo por mim enquanto durmo a sesta no sofá, ajudam-me a vender o que tenho para vender e oferecem-me presentes de valor incalculável (literalmente, pelo menos para mim). Bajulam-me. Invejam-me. Idolatram-me. Mimam-me. Seria, de facto, uma convencida insuportável, não fosse uma fraude auto-consciente. Se acreditasse em Deus pedia-lhe que me fizesse burra, muito burra, ergo feliz.

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