segunda-feira, 5 de abril de 2010

Estou no meu sítio. O sol já se pôs, atrás da serra, e é aquela hora do dia em que tudo está calmo. O vento parou de soprar. O único sinal de vida é o fumo que sai de algumas chaminés lá ao longe e ascende tranquilo. Apetecia-me subir um pouco mais; lá em cima a sensação de liberdade é mais perfeita, mas alguém me pode ver e não quero ver ninguém, nem quero que ninguém me veja. Deixo-me ficar sentada, abraçada a mim mesma, no silêncio, de olhos fechados. Não sei porquê abro os olhos e vejo o gaio. Pousa na árvore, a mais alta do bosque, a sua árvore, sempre a mesma. Sinto uma alegria pateta, mais que pateta, uma alegria louca. O meu gaio. Não pensei que viesse tão cedo. O avô passava horas a falar do gaio e até me ensinou a piar como ele, mas já me esqueci. E logo a seguir passa outro, segue o primeiro, pousa na mesma árvore. Um casal! Brincam um pouco e voam juntos, em direcção à serra.
E agora estou baralhada, não sei se devo consultar um áugure ou um arúspice.

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